quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O ideário republicano de Antero de Quental

O comportamento necessário da liberdade, que a faz viver e frutificar, é a República.

A República é :

  • no Estado, liberdade ;

  • nas conciências, moralidade ;

  • na indústria, produção ;

  • no trabalho, segurança ;

  • na Nação, força e independência ;

Para todos, riqueza ; para todos igualdade ; para todos luz ;


                                                                                             REGO, Raul "História da República", volume I

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

As Concorrentes

Aquando da Implantação da República, houve um concurso a nível nacional, por forma a serem criados projectos para a futura bandeira da «República Portuguesa». Apresentamos agora, alguns desses projectos bem como os seus autores:



Eis a vencedora!






A bandeira tem um significado republicano e nacionalista. Fica aqui uma explicação plausível para o significado das suas cores bem como dos símbolos que a compõem:

Verde – a cor da esperança; está ligada à revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891;

Vermelho – é a cor combativa, quente, viril por excelência; é a cor da conquista e do riso; uma cor cantante, ardente e alegre; lembra o sangue e incita à vitória.

Esfera armilar – representa o Império Colonial Português e as descobertas feitas por Portugal.

Escudo de armas português (que se manteve tal como era na monarquia), sobreposto a uma esfera armilar:

- Cinco quinas: alusão às cinco chagas de Cristo.

- Besantes: cinco besnates* em cinco quinas (25 besantes** ao todo); estes fazem referência aos 30 dinheiros pelos quais Judas traiu Jesus Cristo. Segundo a lenda, antes da Batalha de Ourique (26 de Julho de 1139), D. Afonso Henriques rezava pela protecção dos portugueses quando teve uma visão de Jesus na cruz. D. Afonso Henriques ganhou a batalha e, em sinal de gratidão, incorporou o estigma na bandeira de seu pai, que era uma cruz azul em campo branco.

Sete castelos: tradicionalmente, representam as vitórias dos portugueses sobre os seus inimigos e simbolizam também o Reino do Algarve.


"Aqui pinta no branco escudo ufano,
Que agora esta victoria certifica,
Cinco escudos azues esclarecidos
Em signal destes cinco Reis vencidos"

Luis de Camões

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*Besante – nome dado a cada ponto branco incorporado nas cinco quinas da bandeira.

** Para dar a soma de 30 (numero de dinheiros pelos quais Judas traiu Jesus Cristo) os besantes da quina do meio devem ser contados duas vezes.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Um século de esperanças adiadas

Regionalização é uma promessa com 100 anos.

A República termina em 2010 o primeiro centenário sem ter cumprido uma das suas promessas mais emblemáticas: a substituição dos distritos pelas regiões administrativas ou, como lhe chamavam os republicanos primitivos, as "províncias".
A promessa era antiga quando em 1910 os republicanos depuseram a monarquia: já em 1891, ano em que se dá a revolta de 31 de Janeiro no Porto, o advogado de José Jacinto Nunes apresentou pelo Partido Republicano, um projecto de Código administrativo onde se prometia uma maior descentralização e maior autonomia dos poderes autárquicos.
"O continente da República portuguesa divide-se em províncias, as províncias em municípios e estes em freguesias" - dizia, no seu artigo primeiro, o projecto de Jacinto Nunes. Desapareciam nesta proposta os distrito.
Como diz o historiador Gaspar Martins Pereira, "o projecto republicano de Código administrativo apontava no sentido de uma regionalização", mas "instaurada a República, o projecto de Código Administrativo, elaborado por uma comissão presidida pelo mesmo Jacinto Nunes e apresentada à Câmara dos Deputados e ao Senado, em 1913 e 1914, seria bastante mais recuado".
Cem anos depois, o tema continua a dividir o país em moldes e com argumentos praticamente iguais, sem que, novamente, se tenha visto propriamente luz ao fundo do túnel.


                                                                                         
                                                                                             in "Jornal de Notícias", 4 de Outubro de 2009